Com o início do povoamento das ilhas açoreanas, foi necessário controlar e recolher as várias espécies
de gado aí introduzidas logo após a sua descoberta.
Diversos tipos de cães, entre eles alguns utilizados no continente no maneio do gado, terão chegado
aos Açores.
O “Barbado” provavelmente evoluiu de cães trazidos pelos povoadores a partir do Séc. XV e que eram
utilizados na recolha de gado bravo.
Não nos devemos também esquecer que ao longo dos séculos seguintes vários povos acompanhados pelos seus cães, em trânsito pelas ilhas, terão influenciado decisivamente o que é hoje o Barbado.
Cão de gado por excelência, muito ágil e dinâmico, de médio porte, olhar vivo e inteligente, com pelagem abundante e encaracolada, apresenta um passo algo bamboleante e um trote elástico o que justifica a sua utilidade no maneio do gado bravo. É utilizado ainda como cão de guarda, função que desempenha com eficácia. Devido ao seu caráter afável, aprende facilmente e é um bom cão de companhia.
A semelhança com outras raças com funções idênticas, como o Boieiro da Flandres (Bélgica), o Pastor de Brie (França), o Antigo Cão de Pastor Inglês (Reino Unido) e até com o nosso Cão da Serra de
Aires poder-nos-iam levar a procurar a sua verdadeira origem. Mas a sua insularidade, a localização no
seu berço, a Ilha Terceira, fazem com que, há umas dezenas de anos se apresente com identidades
próprias, fenotípica e funcional.
A história desta raça confunde-se, portanto, com a daquelas que ainda hoje exercem funções idênticas, isto é o acompanhamento, condução e proteção dos rebanhos e manadas à sua guarda. As suas
caraterísticas foram-se fixando não só por seleção natural, como também pela mão dos homens que o
adaptaram às suas necessidades, daí não ser estranho a funcionalidade se ter fixado antes da própria
imagem, conclusão referida em trabalhos do médico-veterinário, Diocleciano Pereira que viria a colaborar no primeiro Estalão da Raça.
O interesse e e consequente trabalho técnico do Clube Português de canicultura (CPC), através de deslocação de Carla Molinari e Jorge Gonçalves em Agosto de 1997 à Ilha Terceira, coadjuvados pelo delegado do CPC nos Açores. António José Amaral, levaram à observação de numerosos cães para que se pudesse considerar a sua identidade como umaraça autóctone.
Estes processos de observação e acompanhamento da evolução de um grupo de canídeos são lentos e cautelosos, pelo que só em 2003 e após diversas deslocações de estudo, uma delegação do CPC, liderada cpela sua Presidente Carla Molinari e pelo Vice Presidente Luís Catalan, se pôde concluir da necessidade de registar a homogeneidade e diversidade genética destes animais tão úteis à manipulação do gado.
Na sequência dessa deslocação, é assinado em Abril de 2004 um protocolo de actuação para o reconhecimento do Barbado da Terceira pelo Clube Português de canicultura, Direção Regional do Desenvolvimento Agrário e pela Universidade dos Açores.
Foi assim possível concluir um trabalho de qualidade que levou à apresentação do estalão provisório do Barbado da Terceira, em Assembleia-Geral de sócios do CPC em 2005.
O interesse pelo Barbado e pela sua funcionalidade, rapidamente atravessou mares e encontramos no continente um vada vez maior número de interessados.
Para além do CPC, a Associação Açoreana dos Criadores dos Cães Barbados da Ilha terceira, AACCBIT, tem estado presente em diversos eventos caninos com vista à divulgação da raça, e apesar de se tratar de uma raça recente da nossa canicultura, sabe-se que já se encontram alguns exemplares no estrangeiro.